À HISTÓRIA DAS MULHERES:
algumas dentre tantas fundamentais para Antônio Prado nos séculos XIX e XX.
PREFEITURA MUNICIPAL
Roberto José Dalle Molle
SECRETARIA DE EDUCAÇÃO, CULTURA E DESPORTO
Adriana Sartori
DEPARTAMENTO DE CULTURA
Carla Pinheiro
SECRETARIA DE COMÉRCIO E TURISMO
Patrícia Schenkel
CURADORIA
Stela Tondello Nardello
O complexo e vagaroso processo emancipatório da mulher ao longo dos séculos traz inúmeros reflexos e desafios até os dias atuais, provido de largas semelhanças às estruturas excludentes e opressivas anteriormente consolidadas, alçadas aos diversos âmbitos do espectro social, onde mesmo encarada como exceção, a figura feminina esteve presente.
Consoante Michelle Perrot (2006), ao longo da História as mulheres consideradas “comuns”, por outrem ou por elas mesmas, deixaram poucos vestígios materiais para serem utilizados como fontes históricas, em maioria apagados e desprezados, eliminados da historiografia "tradicional", caracterizada pelo pensamento restrito aos "grandes homens e grandes feitos". Ao analisar as barreiras interseccionais de preconceito, algumas mulheres enfrentaram dificuldades ainda maiores por sua raça, condição social ou localidade, inferindo na proporção de registros aos quais temos acesso hodiernamente.
A História das mulheres vivencia inúmeras renovações desde a segunda metade do século XX, quando maior atenção foi dada ao que Perrot (1992) chamou de "os excluídos da História" - mulheres, operários e prisioneiros. Dessa forma, mais que uma exposição, que esta exibição seja tomada como um convite para inclusão e registro de mais figuras femininas, que em seus espaços aqui representam tantas outras que não conseguimos alcançar.
Assim, nesta exposição, em homenagem ao Dia da Mulher, marcado pela data 8 de março, o Centro Cultural Padre Schio convida você a alçar em panoramas cada vez maiores a voz de tais mulheres, alguns dentre tantos exemplares de força, iniciativa e contribuição fundamental ao município de Antônio Prado, a fim de que não mais esquecidas, suas histórias possam ocupar o lugar de direito: como inspiração para gerações.
FAMÍLIA BOCCHESE
As origens da família Bocchese remetem-nos ao local de funcionamento atual do Centro Cultural Pe. Schio, a Casa da Neni. Dessa forma, tomemo-las como representantes de todas as mulheres que embarcaram para um continente novo a fim de reconstruir suas vidas.
Foto: família de Vitor Grazziotin. Reprodução: Fernando Roveda.
Registro original.
Foto: família de Vitor Grazziotin. Reprodução: Fernando Roveda.
MARIANNA RIGON BOCCHESE
Imigrante, mãe de Pietro Antônio Bocchese e avó paterna de Joana Magdalena Bocchese (Neni).
A família Bocchese é originária de Torri di Quartesolo, pequeno povoado vizinho à cidade de Vicenza, Itália. Marianna Rigon Bocchese, filha de Mario Rigon e Elizabetha Baggio e casada com Domênico Bocchese nasceu em 01.01.1848 e faleceu em 10.08.1929. Domênico e Marianna imigraram com seus quatro filhos: Marco, Giovanni, Magdalena e Antônio.
Conta-se que quando vieram para a cidade de Antônio Prado, Marianna mandou fazer um espartilho forrado de moedas de ouro, fruto da venda de todos os haveres que a família tinha na Itália. Foi com este dinheiro que pagou o médico que vinha especialmente de charrete de Porto Alegre a fim de tratar Domênico, que acometido de uma grave enfermidade nos pés, teve a perna amputada. Marianna está enterrada no cemitério de Antônio Prado.
MARIA PHILOMENTA MARIN BOCCHESE (MARIETINA)
Proprietária de comércio e mãe de Joana Magdalena Bocchese (Neni).
Filha de Zaccarias Marin e Joanna/Giovanna Pronol. Também conhecida como Marietina, devido à sua pequena estatura. Casada com Antônio Bocchese, teve seis filhos: Joana Magdalena (Neni), João, Clementina, Lívia, Ildegonda e Elza. Muito jovem, Antônio veio a falecer em 15 de abril de 1919, com 34 anos de idade devido à epidemia da febre espanhola.
Com a morte de Antônio, Marietina viu-se na contingência de solicitar auxílio aos parentes para criar os seis filhos pequenos. Tina foi morar com os avós maternos, que tinham uma chácara defronte ao Colégio Irmão Irineu. Livia e a Ilda foram morar com os tios Angelini (Luigi e Madalena) em Vila Nova, Porto Alegre. A Neni, o Joanin e a Elza ficaram em casa com a mãe. Para tocar os negócios, Marietina associou-se com seu irmão, Carlos Marin, o Carletto. Assim, Marietina e a Neni cuidavam da loja e Carletto, para assumir a ourivesaria, foi aprender o ofício em Caxias, com o Abramo Eberle.
JOANA MAGDALENA BOCCHESE (NENI)
Proprietária do estabelecimento comercial “Casa da Neni”.
Joana Magdalena Bocchese nasceu em 07.10.1904, filha de Antônio Bocchese e Maria Philomena Marin Bocchese (Marietina). Seu nome fora a junção do nome de sua avó materna, Joana e de sua única tia paterna, Magdalena. O apelido “Neni” surgiu como uma forma de diferenciá-la da avó e da tia.
Após o falecimento de Antônio Bocchese, em 1919, Marietina assumiu a casa e os negócios, junto aos filhos. Porém, um a um, os filhos começaram a casar e sair de casa, ficando apenas a jovem Neni, dedicada a auxiliar sua mãe com a casa e o comércio. Esse é o provável motivo de Joana nunca ter se casado (especulações também tratam de um amor frustrado). Com o falecimento de Marietina em 1944, Dona Neni assumiu os negócios e a casa. Vários sobrinhos moraram com ela, auxiliando-a. “Enquanto a saúde Permitiu, Tia Neni foi sempre uma pessoa alegre, jovial, social e muito benquista por todos. Faleceu em 22 de setembro de 1981.” (CARRA, p.657)
GENOVEFFA (GENOVEVA SCOTTI)
No centro está Genoveffa (Genoveva) Denale Scotti, a primeira professora de Antônio Prado.
No centro está Genoveffa (Genoveva) Denale Scotti, a primeira professora de Antônio Prado.
No centro está Genoveffa (Genoveva) Denale Scotti, a primeira professora de Antônio Prado.
1ª Professora de Antônio Prado
Genoveva Denale (ou Genoveffa) natural de Arsiè, Belluno, nasceu em 1876. Nos primeiros anos, durante a implantação da Colônia, não existindo professores de língua portuguesa e nem escola pública, a filha de João de Denale abriu uma pequena escola particular, em que ministrava aulas em italiano, recebendo livros e material da Inspetoria da Imigração, inaugurando o ensino em Antônio Prado. Casada com Antônio Scotti, um dos primeiros moleiros do município, além de professora também exerceu intensa atividade cultural, social e religiosa, sendo considerada “para-raio” da Paróquia.
A professora faleceu em Antônio Prado no dia 20.06.1959. Por suas notáveis realizações em diversos setores e suas ilustre descendência, é imprescindível que seu nome seja imortalizado na historiografia municipal como um exemplo de iniciativa.
IRMÃS DE SÃO JOSÉ
Algumas professoras presentes: Vanda Rodrigues Grazziotin, Zeli Chini, Innocencia Bernardi, Lucila Dotti e Ilva Salamon. Fonte: arquivo pessoal de Vanda Rodrigues Grazziotin.
Irmãs de São José: atuantes em todos os setores de Antônio Prado.
Atuantes desde 1650, chegaram em Antônio Prado vindas da França, onde foi fundada a congregação, em 10 de novembro de 1900 a pedido do Padre Carmine Fasulo, vigário da Paróquia de Antônio Prado, permanecendo durante 106 anos auxiliando em inúmeros âmbitos da sociedade , como serviços de Pastoral, projetos de ajuda na geração de renda familiar, movimentos ecológicos, catequese, celebrações cristãs e municipais. A maioria das irmãs dedicou-se à educação.
De início, sua residência foi o próprio Colégio São José, na esquina da Avenida dos Imigrantes com a Rua Dr. Osvaldo Hampe. A partir de 1950, as irmãs transferiram-se para um novo prédio construído para o Ginásio, onde hoje funciona a Escola Estadual de Ensino Médio Irmão Irineu.
No que concerne ao Hospital Osvaldo Hampe, em 1º de março de 1934, as superioras da Congregação de São José enviaram três irmãs para cuidados de saúde física, farmácia e a fim de assumirem a direção do hospital. Residiram no hospital, em dependências reservadas, sendo mais tarde construído pela Paróquia um prédio ao lado do centro hospitalar. Mais tarde, uma residência na Rua Carlos Telles n° 690 foi adquirida, local onde permaneceram até 2006, quando a comunidade foi fechada e as irmãs transferidas. Mais de 80 irmãs de São José nasceram em Antônio Prado.
IRMÃ THERESINHA DE OLIVEIRA CARDOSO
Freira da Província da Congregação das Irmãs de São José de Chambéry no Brasil.
Nascida em São Francisco de Paula no dia 10.01.1935, filha de Maria Firmina de Oliveira Cardoso e de Heráclito de Andrade Cardoso. Aos 14 anos, conheceu as Irmãs de São José e encantou-se com seu testemunho. Formada em Belas Artes e com Licenciatura em Desenho, exerceu a função de professora nos Colégios São José de Pelotas e Antônio Prado. Por muitos anos foi a responsável pela confecção dos presépios na Igreja Matriz, encenações de Natal e Páscoa, coordenação da catequese e diversas pastorais.
Em 2006, passou a residir em Caxias do Sul. Faleceu no dia 22 de fevereiro de 2021, devido à complicações provocadas pelo Coronavírus (COVID-19) e escolhida como representante de todas devotas que acreditaram e auxiliaram no bem comum da cidade de Antônio Prado.
PARTEIRAS
Estatueta de Cesira Deluchi Barrueco, hoje pertencente à Dolores Bocchese.
CESIRA DELUCHI BARRUECO
Parteira do Hospital Osvaldo Hampe.
Nascida em Antônio Prado no dia 10.04.1891, filha dos pioneiros José e Helena Fregonese Deluchi. Filha única e órfã de mãe, educada pela madrinha Otília Marcantonio Della Giustina, casa aos 23 anos com o uruguaio José Barrueco, que morre 15 meses após o casamento. Cesira passa então a auxiliar o Hospital Osvaldo Hampe, onde permaneceu por mais de 50 anos.
Em especial, um objeto a acompanhou durante sua trajetória como parteira: uma estatueta de Nossa Senhora do Bom Parto, que atualmente pertence à Dolores M. Dalla Zen Bocchese, herdada de sua cunhada. Dolores decidiu continuar cedendo-a para o acompanhamento das mulheres grávidas, no pedido de auxílio para que tudo ocorra bem. Há treze anos, aproximadamente, a estatueta foi devolvida envolta em uma fralda com o nome do recém-nascido e a data do parto. Desde então, diversas mães mantiveram o costume e sua peregrinação ultrapassou as fronteiras de Antônio Prado.
Aqui ressaltamos a figura de Cesira como representante de todas as mulheres que exerceram ofícios populares, atuantes diretamente na construção da história da vida cotidiana na cidade. Outras enfermeiras pradenses que devemos citar são: Giuliana Camana, natural de Santana, companheira e continuadora de Dona Cesira, faleceu em 1975. Ester Alvise, parteira que pereceu afogada enquanto lavava roupa. Marieta Cipriani. Marica Ferreira, a parteira dos pobres. Além de mais parteiras como Stefanin e Virgínia. Enfermeiras Albina Ferrarese e Amália Francescatto.
ROMANA MORTARI CARRA
Parteira da capela Borgo Forte e arredores.
Nascida em 21 de fevereiro de 1913, filha de Melardo Mortari e Anunciata (Santina) Reginatto, viveu sua infância e adolescência na capela de Santo Isidoro. Casou-se aos dezessete anos com Aurélio Pedro Carra, residindo na capela do Borgo Forte., onde concebeu dez filhos. Faleceu no dia 17 de agosto de 2006, com noventa e três anos.
Aprendeu o ofício de parteira com sua tia Maria Dambrós Carra, e atendeu à pé ou na garupa de um cavalo partos das comunidades próximas à capela até mais distantes, com "la corona" (terço) ia rezando até chegar ao destino. Trabalhou como parteira durante trinta e seis anos e sempre se orgulhava de dizer que nenhuma criança havia morrido em suas mãos. O trabalho de parteira sempre foi voluntário, como forma de pagamento as famílias entregavam o que tinham, muitas vezes queijo, salame ou uma galinha.
No ano de 1972, Romana recebeu um tratamento feito por profissionais da saúde, sendo a única contemplada com uma bolsa. Aos setenta e dois anos parou de atender gestantes, que eram orientadas a ir ao hospital para ganharem seus filhos.
CENTRO DE TRADIÇÕES GAÚCHAS CANCELA DO IMIGRANTE
LOLA PAIM DELLA GIUSTINA, OLGA MICHELIN TEIXEIRA, EDITH RODRIGUES GOLIN E VANDA RODRIGUES GRAZZIOTIN
Fundadoras do Centro de Tradições Gaúchas “Cancela do Imigrante”.
Fotografia do 1º Desfile da Mostra Del Paese, no ano do Centenário da Emancipação Política do Município de Antônio Prado (1999). Sentadas, da esquerda para direita: Vanda Rodrigues Grazziotin (fundadora), Hilva Salamon (1ª Prenda) e Edith Rodrigues Golin (fundadora). Lola Paim Della Giustina, já havia falecido antes da ocasião e Olga Michelin não pode comparecer por estar adoentada. Em pé, da esquerda para direita: Cuca Faccioli e o 1º Patrão do CTG Cancela do Imigrante: Protásio Duarte Guazelli.
A fundação do Centro de Tradições Gaúchas “Cancela do Imigrante” ocorreu em 29.06.1959 com a colaboração de Osmar Rodrigues, Percy Guerreiro, Francisco Broglio e a prenda Alba Rocha.
PRIMEIRO ATELIER DE ARTES VISUAIS
ATELIER DE ARTES VISUAIS DE ANTÔNIO PRADO (ARVIS)
Fundadoras, orientadoras e participantes do primeiro atelier de arte de Antônio Prado.
O Atelier de Artes Visuais (ARVIS) foi fundado em 1985, com o nome de Atelier Livre de Artes, por iniciativa da artista caxiense Beatriz Ballen Susin que orientou as atividades por dois anos. Na ocasião, o atelier era coordenado pela artista pradense Neusa Welter Bocchese e contava com dezenove participantes. A entidade foi criada com o objetivo de desenvolver o talento e o gosto pelas artes plásticas, além de congregar para produzir, promover e divulgar o campo das artes visuais. Com a transferência da professora Beatriz, o atelier convidou para substituí-la a também artista plástica caxiense Odete Garbin. Posteriormente, o espaço passou à coordenação de Rosa Maria Guerra, funcionando por muitos anos na Casa da Neni e prédio anexo nos fundos.
Em mais de vinte anos, o atelier realizou diversas mostras de arte, tanto em Antônio Prado, quanto em cidades vizinhas. Em Antônio Prado, em 1990, promoveu, no Museu Municipal, a 1ª Feira de Arte do município.
EXPOSIÇÕES:
1991 - Mostra Didática com estudos sobre os Impressionistas - Casa da Neni
1993 - Canções Ilustradas - trabalho realizado sobre os textos das antigas canções italianas trazidas da Itália pelos imigrantes - Casa da Neni
1996 - Arte e Flores - na Floricultura Flora Brasilae
1997 - Lembranças - mostra que apresentou livros de arte - Casa da Neni
1999 - Antônio Prado - Cem anos de História, participando dos festejos comemorativos ao Centenário da Emancipação Política do município - Casa da Neni. Na ocasião, o atelier oficializou sua criação, passando a denominar-se Atelier de Artes Visuais - ARVIS
2001 - Canções Ilustradas II - Casa da Neni
2003 - Universo Feminino - Clube União
2005 - Natureza - Jardim da Casa da Neni
1993 - Coletiva na Aliança Francesa - Primeira mostra dos artistas do atelier de Antônio Prado em Caxias do Sul
1996 - Canções Italianas Ilustradas - Espaço Cultural do Recreio da Juventude - Caxias do Sul
1998 - Lembranças - Clube Guarani - Caxias do Sul
1998 - 1ª Mostra de Artes Plásticas da Região da Serra - Gramado
2000 - A História na Arte - Galeria no NAVI - Caxias do Sul
2001 - Salão do Rotary de Novos Talentos - Vacaria
2002 - O Passado Presente - Galeria de Arte da Casa da Cultura Percy de Abreu e Lima - Caxias do Sul
1º Salão de Artes Plásticas - Vacaria
2003 - Lugares de Passagem - Galeria de Artes da Casa da Cultura Percy de Abreu e Lima - Caxias do Sul
Porto Alegre em Foco - Pinacoteca da URGS - POA/RS
2004 - Janelas - Galeria de Artes da Casa de Cultura Percy de Abreu e Lima - Caxias do Sul
2005 - Navi mostra Navi - Galeria de Artes da Casa de Cultura Percy de Abreu e Lima - Caxias do Sul
Livros para Ver e Tocar - Museu Municipal - Caxias do Sul
2006 - Cores e Flores - ASVAAL - Vacaria
ESCULTURA:
Uma das artistas do atelier é a ceramista Isolda Pezzi, também fundadora da Comunidade Terapêutica PATRE Cristo Rei. Os temas de suas obras são réplicas de capitéis, capelas, casas tombadas e Campanário da Gruta Natural dedicado à Nossa Senhora de Lourdes, tomando sempre a cidade como sua inspiração.
INNOCÊNCIA BERNARDI
Uma das responsáveis principais pela fundação do Arquivo Histórico Municipal de Antônio Prado e Centro Cultural Pe. Schio.
Innocência nasceu em 03.05.1933. Sua fala foi registrada por chamada de vídeo na manhã do dia 5 de março de 2021. Começou por contar-me que por volta dos anos 1989/1990, a Secretaria de Educação, Cultura e Desporto lançou um slogan semelhante a “não jogue fora seu passado, nós o guardamos”. Contratada pela administração de Valner José Borges (1983-1988), Innocência passou a selecionar os documentos antes aglomerados no porão da Prefeitura Municipal, distinguindo as vias repetidas e registros substanciais a fim de compor o Arquivo Histórico Municipal de Antônio Prado. A pedido da Secretaria Municipal de Educação também deslocou-se pelo interior do município para recolher as primeiras peças que posteriormente viriam a tomar forma como Museu Municipal, indagando aos moradores se havia algo que eles pudessem doar, assegurando que constariam seus nomes nos registros. Questionada sobre a existência de algum protocolo, disse que “pegava o fusca da prefeitura e só ia”. Também conta que após a instalação na Casa da Neni, a busca foi por alguém que confeccionasse suportes, sendo a solicitada Mirela Ampessan.
É notável a significância pessoal quando afirma “eu me doei para prefeitura. Não era um salário mínimo. Valner (Borges) me dizia que queria que eu fosse trabalhar, mas tinha vergonha do salário que podia me pagar”. Posteriormente, Ulisses Vitório Pasa (1989-1992) convidou-a como secretária de Administração. Além disso, também conta que percorreu todo o município a fim de fotografar os capitéis - pequenos oratórios, geralmente construídos na beira das estradas do interior como forma de devoção a algum santo, por graças alcançadas ou promessas feitas -, objetivando ver se algum deles demandava alguma reforma.
Tal relato não pode sequer resumir o tamanho do empenho e doação de Innocência ao município de Antônio Prado, sendo responsável em muito pela fundação das bases de valorização à cultura e historiografia do município. Nesta exposição, a última escolhida propositalmente para ter uma pequena parcela de suas memórias registradas a fim de que possamos findar esta exibição com uma dose de inspiração sobre a iniciativa de alguém que acreditou na importância da preservação dos registros culturais desta localidade.
CÂMARA MUNICIPAL DE VEREADORES
Primeira mulher a ocupar o posto de Presidente da Câmara de Vereadores de Antônio Prado (gestão 1983-1984).
Corina, ao centro, recebe a Medalha Dom Benedito Zorzi, Mérito Educação.
Primeira mulher a ocupar o posto de Presidente da Câmara de Vereadores de Antônio Prado (gestão 1983-1984).
CORINA MICHELON DOTTI
Primeira mulher Presidente da Câmara Municipal de Vereadores de Antônio Prado: gestão 1983-1984.
Posteriormente, Corina Michelon Dotti licenciou-se a fim de assumir a Secretaria Municipal de Educação. A função de presidente pelo vereador Villi Verza. Vitório Chiarello foi chamado a ocupar a cadeira da Vereadora Corina Michelon Dotti.
Atualmente, Corina possui Licenciatura em Pedagogia Magistério e Orientação pela Universidade de Caxias do Sul (1976), graduação em Habilitação no Exame de Suficiência na Disciplina pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1976), especialização em Orientação Educacional pela Universidade de Caxias do Sul (1978), especialização em Curso Sobre Alfabetização Em Classe Popular a Nível pelo Grupo de Estudos Sobre Educação Metodologia de Pesquisa e Ação (1984) e mestrado em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1995). Atualmente é professora titular da Universidade de Caxias do Sul.
SIRLEY MARIA DE ROSS WELTER
Segunda mulher a ocupar o posto de Presidente da Câmara Municipal de Vereadores de Antônio Prado: gestão 1989-1992 e 1998-2000.
Sirley Maria De Ross Welter, que foi advogada e professora de história do município de Antônio Prado. Vereadora pelo PMDB na gestão de 1989 a 1992, exercendo a presidência da Câmara durante os quatro anos de mandato. Durante sua gestão, coordenou importantes trabalhos, como o de elaboração da Lei Orgânica do Município e do Regimento Interno da Câmara de Vereadores. Foi reeleita para a legislatura 1997 a 2000, onde novamente Presidiu essa Casa em 1998 e esteve à frente da Comissão de Constituição Redação e bem estar social.
Nascida em Caxias do Sul, desde cedo já militava na política. Dentre as muitas atividades desenvolvidas em prol do município, destaca-se a participação de mais de 20 anos no Clube de Mães Antônio Prado, entidade que também presidiu. Atuou como voluntária junto à LBA - Legião Brasileira de Assistência, entidade que presidiu durante dois anos. Prestou serviços à Junta Administrativa de Recursos de Infrações no Trânsito - JARI, da qual foi presidente de 2000 a 2002. Foi presidente do Comitê da AFS - Inter Cultura Brasil em Antônio Prado. Atuou como assessora jurídica da Câmara de Vereadores nos anos de 2003 a 2010. Dra. Sirley foi uma referência como esposa, mãe e profissional. Como atuante política sempre pautou sua vida pelo correto, pelo probo, pelo descente e pelo bem comum.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARBOSA, Fidélis Dalcin. Antônio Prado e sua história. Porto Alegre: EST, 1980.
CÂMARA MUNICIPAL DE ANTÔNIO PRADO/RS. Ex-Presidente da Câmara é homenageada com nome de Sala. Disponível em:https://www.camaraantonioprado.rs.gov.br/camara/conteudo/publicacoes/Noticias/1/2017/403?tema=as. Acesso em: 23 mar. 2021.
CASAROTTO, Cadorna Marcílio; ROVEDA, Fernando; ROVEDA, Suzana Damiani; 50 Anos da Câmara de Vereadores de Antônio Prado - RS. 2. ed. Antônio Prado: VMB Express Ltda., 2001.
GUZZO, Dirce Brambatti; BACCARIN, Onira; BARROSO, Véra Lúcia Maciel (orgs.). Raízes de Antônio Prado. Porto Alegre: EST, 2008.
PERROT, Michele. História dos excluídos: mulheres, escravos, presidiários. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992.
PERROT, Michelle. Minha História das Mulheres. Tradução Angela M.S. Corrêa. São Paulo: Contexto, 2008. [2006].